A Polícia Civil do Ceará concluiu e encaminhou à Justiça o inquérito que investiga 11 influenciadores digitais do Cariri, acusados de promover plataformas de jogos de azar on-line ilegais, como o popular “jogo do tigrinho”.
📁 O processo tramita sob segredo de Justiça, mas a reportagem teve acesso ao relatório final da investigação, que aponta um esquema estruturado e com movimentação financeira milionária.
💰 Luxo, deboches e manipulação
De acordo com o documento da polícia, os investigados:
- Levavam vida de luxo, com viagens para Dubai, Miami e Maldivas
- Debochavam de seguidoras endividadas que pediam ajuda para parar de jogar
- Usavam contas de teste (“demo”), onde apenas lucros eram exibidos
- Faziam promessas de transferências via Pix que quase nunca se concretizavam
- Recebiam metas financeiras impostas pelos donos das plataformas em troca de benefícios
🛫 Empresários responsáveis pelas plataformas bancavam viagens para os influenciadores que atingissem valores expressivos de apostas feitas por seguidores.
👥 Influenciadores indiciados
Os 11 nomes apontados pela Polícia Civil são:
- Victoria Haparecida de Oliveira Roza
- Milena Peixoto Sampaio
- Janisson Moura Santos
- Wellington Lima de Alencar
- Walysson Lima de Alencar
- Maria Gabriela Casimiro da Silva Fernandes
- Inessa Karla Nogueira
- Paloma Silva Costa
- Tássia Avelina Franklin Leandro
- Darley Felipe Santos Dias
🚔 Victoria, Milena e Janisson chegaram a ser presos em 20 de março, durante operação simultânea nos estados do Ceará, Maranhão, Minas Gerais e Bahia.
🗣️ Áudio debochando de seguidora em dívida
O relatório inclui um episódio em que Victoria Oliveira zomba de uma seguidora, que havia pedido ajuda por estar endividada com apostas:
"Gente, era simplesmente ela me dizendo que estava viciada em jogo e que tinha uma conta de 3 mil reais pra pagar segunda-feira e que ela gastou 3 mil reais jogando. Que queria um conselho pra parar de jogar porque o marido dela não sabia, pois se o marido soubesse ia separar dela. Que ninguém sabia. E que queria um conselho meu, ou se eu pudesse ajudar ela com uma quantia. Ela não sabe o que fazer, diz que faz dois dias que não joga. Ah, meu Deus. Agora, como diabo essa menina conseguiu meu número. Gente, juro, eu só respondi porque achei que era alguma coisa relacionada a Antonio Neto. Ah, meu Deus, ela fez um escândalo. Se eu soubesse que era isso. Meu Deus do céu" (sic)
A polícia destacou o desprezo demonstrado pelos investigados diante do sofrimento dos seguidores. Victoria teria dito temer parar de divulgar os jogos, pois os lucros garantiam sua vida de ostentação.
😐 "Vamos ser pilantras também"
Outros trechos de conversas entre os indiciados reforçam a consciência do caráter ilegal e prejudicial da atividade. Em um dos diálogos, uma das influenciadoras chega a dizer:
“Vamos ser pilantras também”, referindo-se à divulgação das apostas.
Em outro momento, uma das acusadas afirma ter interrompido temporariamente as divulgações porque “Deus tocou seu coração”.
Já Milena Peixoto e Janisson Moura demonstraram total indiferença às leis ao comentar a prisão da influenciadora Deolane Bezerra, dizendo: “Tô nem aí”.
💻 Lucros fictícios e redes sociais
Os investigados usavam contas de demonstração, fornecidas pelos próprios donos das plataformas, com resultados manipulados para mostrar apenas ganhos.
“Então seriam lucros irreais divulgados nas redes sociais para atrair novos cadastros. Tudo aliado à ostentação”, explicou o delegado Giovani Moraes, do Núcleo de Inteligência de Juazeiro do Norte.
A tática tinha como objetivo captar mais apostadores e manter a aparência de sucesso fácil.
🔒 Bloqueios e apreensões
Além das prisões, a operação resultou em:
🚗 Apreensão de carros de luxo
💎 Recolhimento de joias e outros bens valiosos
💸 Bloqueio de contas bancárias
A investigação teve início em maio de 2023, quando a polícia passou a monitorar a rotina dos influenciadores, que produziam vídeos mostrando falsos ganhos para atrair o público às plataformas não autorizadas.
⚖️ Crimes atribuídos aos envolvidos
Segundo a Polícia Civil, os influenciadores foram indiciados pelos seguintes crimes:
- Estelionato
- Lavagem de dinheiro
- Crime contra a economia popular
- Crime contra o consumidor
- Organização criminosa
📌 Para os investigadores, “não há dúvidas de que os suspeitos se associaram com o objetivo de praticar crimes relacionados à exploração e divulgação de plataformas de cassino on-line não autorizadas no país, cujas penas ultrapassam quatro anos de prisão”.
📞 Defesas não localizadas
As defesas dos indiciados não foram localizadas até o momento da publicação.
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