O número de adultos vivendo com diabetes no mundo ultrapassou a marca de 800 milhões no final de 2023, um aumento de quatro vezes desde 1990. A doença crônica, caracterizada por níveis elevados de açúcar no sangue, é considerada incurável. No entanto, um novo estudo pré-clínico trouxe um avanço promissor que pode mudar esse cenário.
Pesquisadores da Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos, desenvolveram uma técnica inovadora que conseguiu reverter o diabetes tipo 1 em camundongos. A abordagem combina o transplante de células produtoras de insulina com células formadoras de vasos sanguíneos modificadas, criando um ambiente mais favorável para a regeneração do pâncreas.
Restauração da produção de insulina
Os cientistas explicam que as ilhotas pancreáticas são o único tecido humano capaz de produzir insulina em resposta ao aumento dos níveis de glicose no sangue. No diabetes tipo 1, o sistema imunológico ataca e destrói progressivamente essas células, resultando na deficiência da produção de insulina e na necessidade de aplicação contínua do hormônio para controle da glicemia.
Nos últimos anos, a ciência avançou no desenvolvimento do transplante de ilhotas pancreáticas como uma estratégia para restaurar essa função no organismo. No entanto, um dos grandes desafios tem sido garantir a sobrevivência dessas células transplantadas, já que elas dependem de um ambiente rico em vasos sanguíneos para funcionar adequadamente.
Testes com camundongos indicam reversão da doença
Para superar essa limitação, os pesquisadores modificaram células endoteliais humanas, que revestem o interior dos vasos sanguíneos, e as combinaram com ilhotas pancreáticas. O objetivo era criar uma rede de vasos sanguíneos capazes de nutrir as células transplantadas e permitir que elas funcionassem de maneira semelhante ao tecido original do pâncreas.
Os testes em camundongos mostraram que a nova abordagem permitiu a incorporação das células produtoras de insulina à rede vascular recém-formada, fazendo com que o organismo dos animais voltasse a regular os níveis de glicose no sangue de forma natural.
Além disso, a técnica possibilitou que as ilhotas fossem implantadas sob a pele, em um local mais acessível e menos invasivo do que as técnicas tradicionais, o que pode facilitar futuras aplicações em humanos.
Esperança para a cura do diabetes
Os pesquisadores agora buscam avançar para testes clínicos em humanos, a fim de avaliar a segurança e eficácia da técnica. Se os resultados forem positivos, a abordagem pode representar um passo significativo para a cura do diabetes tipo 1, eliminando a necessidade de aplicações constantes de insulina.
Os achados do estudo foram publicados na revista científica Science Advances, e a expectativa é que os próximos anos tragam novos avanços que possam tornar esse tratamento uma realidade para milhões de pessoas ao redor do mundo.
Por Nicolas Uchoa
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