O ano de 2024 será o mais quente já registrado desde o início dos monitoramentos climáticos, com temperaturas extraordinariamente altas que devem persistir até os primeiros meses de 2025. A conclusão é do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia, que divulgou os dados nesta segunda-feira (9).
O relatório surge duas semanas após a conferência climática da ONU, que resultou em um acordo de US$ 300 bilhões para enfrentamento das mudanças climáticas. O pacote, entretanto, foi considerado insuficiente por nações em desenvolvimento para cobrir os crescentes custos relacionados a desastres naturais.
Impactos globais
De janeiro a novembro de 2024, as medições confirmam que este será o ano mais quente já registrado, superando 2023, e o primeiro a atingir a média global de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900), um marco crítico definido pelo Acordo de Paris.
O ano foi marcado por eventos climáticos extremos ao redor do mundo, como:
- Secas severas na Itália e América do Sul;
- Enchentes fatais no Nepal, Sudão e Europa;
- Ondas de calor no México, Mali e Arábia Saudita, que causaram milhares de mortes;
- Ciclones devastadores nos Estados Unidos e Filipinas.
Pesquisas científicas já atribuem esses desastres diretamente às mudanças climáticas causadas pelo homem.
O papel das emissões de carbono
As emissões de dióxido de carbono (CO2) provenientes da queima de combustíveis fósseis permanecem a principal causa do aquecimento global. Apesar dos compromissos de governos para zerar emissões líquidas, 2024 registrará um recorde global de emissões de CO2, agravando a crise climática.
Reduzir essas emissões é essencial para frear o aquecimento. Entretanto, mesmo diante de promessas de transição energética, os avanços têm sido insuficientes para evitar um agravamento das condições climáticas extremas.
O que esperar de 2025
Embora os cientistas monitorem a possibilidade de formação do fenômeno climático La Niña – que resfria as temperaturas globais –, o impacto não reverterá a tendência de aquecimento causada pelas emissões humanas.
"Mesmo que 2025 seja um pouco mais frio do que 2024 devido ao La Niña, isso não significa que estaremos seguros. Continuaremos enfrentando ondas de calor, secas, incêndios florestais e ciclones tropicais", alertou Friederike Otto, especialista do Imperial College de Londres.
Atualmente, o mundo vive condições climáticas neutras, após o término do fenômeno El Niño, que exacerbou o calor global nos últimos meses.
Temperaturas em ascensão
O mês de novembro de 2024 foi o segundo mais quente da história, ficando atrás apenas de novembro de 2023, apontou o Copernicus.
"Ainda estamos em níveis quase recordes de temperaturas globais, e isso deve continuar pelos próximos meses", afirmou Julien Nicolas, pesquisador do C3S.
Por Fernando Átila
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